Olá pessoal, tudo bem?
Em virtude do dia do Advogado, ontem, escrevi o artigo "Quem quer ser advogado?", o qual foi publicado também no meu blog "Consciência Jurídica", no Portal Prudentino (www.portalprudentino.com.br).
Trato no artigo da perda de atração da carreira da Advocacia perante os mais jovens, especialmente os alunos de Direito, perda que observo a cada ano em sala de aula quando faço esta pergunta no primeiro dia de aula.
Em geral, é possível contar nos dedos de uma mão quantos querem ser advogados.
E por quê será?
No artigo tento elaborar uma resposta a esta última pergunta.
Confiram, e, se puderem, comentem!
Grande abraço a todos, e parabéns aos Advogados!
"Repudio demagogia e hipocrisia, e assim destaco em virtude do conteúdo deste texto e para que não me acusem de tal ou qual.
Assim, reconheço, confesso, a Advocacia, a qual exerço há onze anos, não foi, durante e logo após a graduação em Direito, minha primeira opção como profissão. Não foi, pelo menos, como advocacia privada, particular, pois – e tenho certeza disto – fui fortemente influenciado pela carreira pública de Procurador (de Estado – que não deixa de ser um advogado, porém, público) e, sobretudo, pelo exemplo, pelo modelo como se apresentava o(a) Procurador(a) do Estado com quem eu estagiei na Procuradoria do Estado durante aproximadamente três anos. Sob tal influência, após a graduação prestei alguns concursos até que surgisse o para Procurador, o qual prestei e não passei. Fato. Não ambicionando outra(s) carreira(s) especificamente – imaginava a vocação para Procurador, que me impediu que “atirasse para todo lado” –, não tendo passado por muito pouco em outro e – questão prática – precisando trabalhar, iniciei a carreira como Advogado. E já adianto, não me arrependo e, pelo contrário, dela me orgulho.
Este breve relato do meu início de carreira, em verdade, não é em absolutamente nada diferente da história de milhares de estudantes e bacharéis em Direito no país.
Porém, tendo em vista o que representa – ou, principalmente, o que deveria representar – a carreira de um Advogado para a sociedade, esta realidade, hoje, para mim como Advogado, choca.
A verdade é que, hoje, na imensa maioria dos casos, a Advocacia é uma carreira residual, ou seja, escolhida não como segunda, mas como, às vezes, quarta, quinta opção. E esta infeliz constatação não é, lastimavelmente, fruto de minha imaginação, vez que a extraio especialmente de cada primeiro dia de aula a cada nova turma para a qual leciono (também sou professor de Direito).
Há alguns anos no primeiro dia de cada nova turma tenho feito uma pergunta simples e direta em sala de aula: “Quem quer ser Advogado após a faculdade?”. O silêncio, como se diz, é “tumular”. Metáfora à parte, não são todos que não querem ser Advogado, todavia, o número de alunos que ingressam na Faculdade de Direito ou que durante o curso manifestam uma vontade firme de exercer a carreira da Advocacia é ínfimo em comparação aos que pretendem seguir a carreira pública como juízes, promotores de Justiça, delegados de Polícia, Procuradores, dentre outros. Diante da resposta da sala, só me resta pensar, e às vezes perguntar: “por quê?”. E a resposta, quando vem (e nem sempre é necessária), via de regra gira em torno da questão financeira, isto é, bons salários e a “famosa” estabilidade.
O que surpreende, negativamente, é que ao se inverter a pergunta, indagando porque querem seguir a carreira pública, quase nenhum afirma, convicto, tratar-se de vocação para o cargo.
Mas alguém pode alertar: “e os milhares de inscritos a cada exame da OAB, não demonstraria o contrário?”. Que assim fosse. Concordo com a ressalva, entretanto, e novamente, infelizmente, oculta o(s) verdadeiro(s) motivo(s) da grande maioria: adquirir o necessário período de três de “prática forense” como condição para a admissão em várias carreiras públicas, ou, permitir que - daí o caráter residual atual da profissão - caso não seja aprovado em algum concurso, possa, então, exercer a Advocacia.
É triste reconhecer e dizer tudo isso? Sem dúvida, mas não pode ser negado e diante desta até simples constatação não é difícil reconhecer que há algo de muito errado com a profissão de Advogado, especificamente quanto a seu poder de atração como carreira.
A Advocacia, ao lado da carreira médica e de professor, já foi – destaca-se o tempo verbal - tida como um sacerdócio.
O Advogado, especialmente em pequenas comunidades, foi símbolo de respeito, admiração e atração, especialmente para jovens que se encontravam à beira do ensino superior. O Advogado era digno de honra – nota-se a expressão “honorários” que também remete a “mérito”. O Advogado, e a classe que o representa, a Ordem dos Advogados do Brasil, foi responsável pela defesa da democracia brasileira no tempo dificílimo da ditatura, atuação pela qual se destacaram inúmeras personalidades jurídicas (veja, não as limitei a advogados), as quais se transformaram em verdadeiros ícones do Direito.
Porém, em grande parte – evitando-se, como sempre, a temerária e leviana generalização – tudo isto é passado.
Em decorrência de uma infinidade de motivos, a profissão de Advogado vem perdendo, além da atração, seu idealismo, a ponto de se poder questionar se perdeu a citada atração por conta da perda de ideais, ou seja, será que uma coisa leva a outra?
Que ideais seriam estes? Vários. O principal? A Justiça.
Novamente com lástimas, muitos hoje na carreira visam unicamente, ou em primeiro lugar, o sucesso financeiro, e quando este se torna o único ou principal ideal, se não alcançado consequentemente não produzirá, nem ao mesmo financeiramente, um modelo de profissional a ser seguido. Consequência? Nem por este prisma, o financeiro, os jovens estudantes desejarão ser advogados. Daí o foco não poder se restringir à questão financeira, mas outro, a Justiça, a qual, se alcançada pelo denodo e pela perseverança, naturalmente, destaca-se, acarretará no sucesso profissional como um todo.
A perseverança na carreira do Advogado é fundamental na acepção exata do termo, pois, diferentemente da carreira pública, o sucesso, por qualquer ponto de vista, não é alcançado brevemente. O Advogado, em muitas ocasiões em sua carreira, deve ser dotado de forte poder de resiliência, vez que os obstáculos são imensos. Entretanto, o jovem estudante tem na carreira pública – e equivocadamente também – como único obstáculo, o concurso.
Logo, somando-se este único (equivocado, ressalto) obstáculo à questão financeira (estabilidade), a Advocacia fica em segundo plano.
São necessárias mudanças, é preciso que os grandes exemplos da Advocacia sejam apresentados aos jovens, bem como são necessários novos modelos, novos ícones para resgatar a dignidade da profissão, modificação a qual tem que se iniciar com cada um de nós, a fim de que nos tornemos exemplos aos jovens estudantes, demonstrando-lhes que, embora difícil, a carreira de um sério Advogado pode gerar imensurável satisfação, pois lida com valor essencial ao ser humano, Justiça.
Reconheço que o discurso pode transmitir certo pessimismo e, para alguns, talvez, até certa ingenuidade ou desconfiança por acreditar não existir a preocupação financeira, o que caracterizaria ledo engano.
Assim, ressalva-se, o pessimismo não é quanto à carreira, mas no que tange a seu poder de atração aos jovens, especialmente estudantes de Direito.
Quanto à questão financeira, a Advocacia, como se expressa no presente, também é profissão pela qual sobrevivemos e, para tanto, precisamos ser remunerados. Contudo, o que se pretende é demonstrar que, talvez como em qualquer outra área de atuação profissional, o sucesso financeiro não deve ser o único objetivo por haver algo mais.
Somente com esta nova mirada e, sobretudo, conduta, poderemos, após a mencionada indagação em uma sala de aula, ouvir mais vozes a favor da Advocacia.
Parabéns a todos advogados!"
Um comentário:
Oi! Professor, isto é uma grande verdade, todos querem se arrumar como funcionário público, pois possui estabilidade....a tão sonhada estabilidade. Bem já sou funcionária pública, é muito bom saber que seu salário ao final do mês, com chuva ou com sol, lá esta ele, no banco e bem seguro. Este é o sonho de todos os estudantes. Eu como já estou para aposentar, penso em advogar.
Tenho prazer em atender as pessoas que estão aflitas com os conflitos que só a vida em sociedade pode proporcionar.
Não sei se advogar dá para viver uma vida confortável, mas fazer o que gosta a vida fica com outro sabor.
Tenho vivido na pele, que tem muitos advogados, mas nem todos são bons, fazem por fazer, não fazem a diferença.
VIVA OS ADVOGADOS!!!!!!
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